quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Ô, sumido!

Andando rapidão, olhando pra baixo por causa do sol alto. Tinha que chegar logo lá se não ia estourar o horário e os documentos poderiam não sair. E os clientes iriam ligar reclamando, apesar de ainda não ter nem dado o prazo de entrega. Aquele saco.

- Ô, sumido!

Eu paro e me viro. Um rapaz pouco mais alto que eu (baixinho, diga-se de passagem), com um sorriso largo, faltando alguns dentes. Roupas remendadas, parecendo ser pobre. Meio maluco provavelmente. Carregava uma mala cheia de embalagens de graxa para sapato.

- Lembra de mim não?
- Não.

Desculpa a frieza, moço. Eu estava com pressa

- Eu trabalhava na feira.
- Feira?
- É, aqui - ele apontou uma rua adiante. Bom, a única feira que eu frequento é a perto da escola às quintas. E até onde eu saiba, não tem feira aqui no centro da cidade. Ok, ele é maluco sim.
- Eu vinha de quinta e sexta.

Ah, de sexta. É, não sou quem ele pensa mesmo.

- Agora tô trabalhando "aqui" e...
- Dá licensa, moço, tenho pressa. Você deve estar me confundindo com outra pessoa.

Sai, continuei meu caminho, etc.
Na volta ele está ainda ali, a poucos metros da posição inicial.
Não quero discutir com alguém que eu nunca vi antes e que provavelmente está criando sua própria realidade.

- E aí Cabelo! Lembrou?
- Não.
- ...

-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-

Ultimamente eu realmente tenho sentido muita vontade de cagar. O tempo todo. Parece tão mais interessante do que o que quer que eu esteja fazendo...

Nenhum comentário: