domingo, 15 de fevereiro de 2015

A Senhora do Pão de Mel

De vez em quando, eu vejo na estação de trem que eu frequento uma senhora vendendo pão de mel.

É uma senhora não muito idosa, deve ter seus cinquenta anos. Baixa em estatura, mas um pouco acima do peso.

Carrega uma sacola com seus pães de mel, que ela mesma faz, e um pedaço de cartolina com o preço escrito em caneta permanente vermelha. É um pouquinho caro, mas ela faz desconto se comprar dois, e é bem gostoso.

Ela não tem uma barraquinha, como a moça do cachorro quente, nem um carrinho como os dois pipoqueiros; não tem um quiosque, como os que estão ali mesmo na estação, e certamente não tem uma licença para vender seu produto.

Fica lá, parada, perto do carrinho de cachorro-quente, quem sabe para faturar algum cliente procurando "sobremesa", timidamente segurando a sacola e a cartolina, dizendo, baixinho: "Pão de mel, olha o pão de mel".

Às vezes eu compro um pão de mel ou dois. Às vezes eu preciso manter os trocados e acabo passando direto. Ontem foi dessas vezes.

Eu meio que senti que... meu coração estava pesado.

Comecei a pensar... na verdade, retomei um pensamento que eu já havia iniciado há muitos meses, quando experimentei o pão de mel pela primeira vez.

A senhora do pão de mel claramente não é apaixonada pelo que ela faz. Ela é tímida, não tem muito tato com as pessoas. Já tem certa idade e não tem uma saúde de ferro. Iimagino que talvez ela preferisse estar em casa ou em outro lugar realizando outras atividades que gastassem menos energia. Não tem uma barraca, não tem um ponto, apenas sua fiel sacola e sua humilde cartolina.

Talvez... eu não sei.

Eu fico imaginando a que ponto a senhora do pão de mel chegou para se sentir obrigada a fazer algo com as próprias mãos e tentar a sorte para conseguir uns trocados.

Claro que ela está muito melhor do que muitas pessoas que talvez nem tivessem o capital inicial para começar uma atividade sequer parecida, mas eu consigo ver que ela está, no mínimo, desesperada.

Precisa somar um dinheirinho, talvez a aposentadoria ou pensão não deem conta do recado, então foi lutar. Ela não está preparada pra essa luta, mas não tem escolha. Então faz o que sabe fazer e bota a cara a tapa. Talvez tenha sucesso e venda tudo o que trouxe, talvez a sua voz fraquinha não chame a atenção de muitos fregueses...

O que me leva a sentir um pesar... tanta gente como eu, que tem tudo na mão, uma vida equilibrada e tantas oportunidades pela frente. Ficamos a vida inteira reclamando de dor de cabeça, de cliente chato, de stress, de sono. Ficamos complicando coisas pequenas, gastando com coisas efêmeras. É como se o dinheiro valesse menos pra gente; como se viesse com menos gosto.

Nossas lutas são tão menores que a da senhora do pão de mel, que precisa enfrentar o mundo inteiro e a si mesma para conseguir uma pequena renda a mais.

Eu não costumo gostar dessas comparações. Eu sempre digo: "cada um com as suas lutas". Mas por algum motivo, a senhora do pão de mel tem a minha simpatia.

Da próxima vez, vou pegar uns pães de mel recheados com doce de leite, ou doce de coco. Talvez um de cada, que aí sai mais barato. Talvez dois de cada, porque são muito bons. Talvez três de cada, por ter me ensinado tanto com tão pouco.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Desabafo

Eu queria muito desabafar com alguém. Mas eu também não quero mais tocar no assunto.

Já estou cansado até de falar sozinho sobre.

Não sei como lidar.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Priest

Fui ma missa essa semana. Sétimo dia do amigo do meu pai etc.

Ai eu comecei a imaginar que aquela igreja seria uma boa fortaleza anti zumbis. Porque ela é meio medieval, bem forte etc.

Me ocorreu também que aquele padre, como todos os outros, teriam recebido secretamente no seminário um treino em magia branca e luta com clava

E imaginei a igreja sendo invadida por zumbis e o padre "Relaxa, eu tô na área" ai ele tirou uma clava de espinhos do altar e conjurou uns Protego Maxima etc amassou o crânio dos zumbis

Essa missa foi louca

Deuses

Imagina que louco se na verdade TODOS os deuses existem mas eles não agem como antes porque não damos devoção o bastante.

Aí eles estão só lá sentados vendo o que acontece e fazendo apostas e conversando coisas do tipo:

- Raios, Jeová, por que diabos você tem tantos santos? Faça-os serem deuses também e crie um panteão logo
- Cuida da tua vida Zeus, não sou eu que perdi todos os meus devotos e tive meus templos transformados em ponto turístico
- Aê caramba cês vira que tão me fazendo um templo novo?
- Vai se danar Odin
- Fica de boas aí Jeová que todo mundo aqui tem desenho animado e você não
- Se eu quiser eu viro um desenho
- Mas aí você viola seus tabus
- Vão cagar, cês não são nada diante de mim

E pensando bem, foi num pique desses que surgiu "Um Sábado Qualquer"

Calendário Novo

Qjo: Talvez eu devesse marcar datas menores e compromissos menos importantes no calendário pra no futuro lembrar deles com carinho, que tal?
Cml: Você joga as folhas do calendário no lixo quando passa o mês
Qjo: Cuida da tua vida
Cml: É o que eu tô tentando fazer -_-

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Entrelinhas

Eu nunca fui bom em conseguir ler as entrelinhas.

Não sei se eu sou meio tapado, se não tenho treino ou se é um dom que eu simplesmente não possuo. Mas eu dificilmente percebo se as pessoas têm segundas intenções, se estão querendo dizer outra coisa, etc. 

Um dia, eu consegui.

Eu não sei se é porque eu estava muito emotivo no momento (na fase cinza), se estava óbvio demais ou se porque eu havia desenvolvido alguma sinergia com a pessoa.

Qualquer que fosse o motivo, essas entrelinhas eu preferia não ter lido.

Sei que não foi por mal. Mas me fez muito pior do que a intenção. 

As entrelinhas diziam: "Se eu falar a verdade, vou te magoar".

Eu preferia ter acreditado na mentira.