Tive um sonho ridículo e resolvi escrever como se fosse uma fábula.
Não me atrevo a chamar de poesia.
Eis que o sonho começa incerto,
O cenário é um deserto.
E eu sou o herói de um jogo,
Um espadachim com poder de fogo.
Os meus inimigos são lendários,
Gigantes e aterrorizantes.
Mas também são muito otários,
Como se não pensassem antes.
A cada um que me atacava,
Eu defendia e revidava
Como todo bom soldado
E jogador com sorte no dado.
Com o monstro derrotado,
Ganhava pontos de experiência
E meu corpo era recuperado,
O que era mais do que uma exigência:
Uma barra de HP
Não era suficiente para deter
Mais do que um monstro ou dois,
Eu cairia por terra depois!
Mas eram muitas as tropas
Mais do que eu podia contar:
Eis que uma dupla veio me atacar
E eram gigantes sem roupas!
O minotauro era um deles
Mas achava que era um porco
O outro era um frango reles
E sua arma um osso oco.
Os dois juntos derrotei
Com uma habilidade minha
E a surpresa foi que ganhei
Uma linguiça e uma coxinha.
O minotauro, mesmo no chão
Falou comigo então:
Qual das duas é a sua escolha?
Eu disse que preferia folha
E que carnes não comia
Mas o touro insistia:
"Deves escolher esse ou aquele
Ou não escolheras nenhum!
O que veio de mim ou que veio dele."
Mas meu argumento foi só um:
"Escute aqui amigo,
Você deve estar zoando comigo!
Me desculpe a desfeita,
Mas você sabe do que a linguiça é feita?"
"Linguiça é de fato nojenta,
Mas é comida que alimenta.
Se não aceitares a pedida,
Acabarão seus pontos de vida,
Se não comeres a coxinha
Também não poderás prosseguir:
Não aguentarás na rinha
E seu sangue irá sumir."
Achei estranha a proposta
De ter que comer para me recuperar
Mas ignorando esse monte de bosta
Resolvi me retirar.
Não recuperei meus pontos de vida,
E morri com um pisão.
Acordei de supetão,
Com a garganta ardida.
Moral da história: é difícil ser vegetariano numa batalha épica em cenário medieval. Elfo não conta.